Muros que constroem muros. Karoline Paula Coletti Gomes

 Como boa questionadora da gravidade estava eu, numa tarde qualquer, sentada no portãozinho verde da minha casa, quando me deparei com uma cena comum, mas à qual pouco dava atenção: duas pombas pousavam num encontro sobre o muro cuja principal função é separar casas e vizinhos... Já que as notícias diárias nos impulsionam a fazer isso.

  – Ah que engraçado! – pensei. As pombas fizeram essa imagem, utilizando o muro como causa de união ao invés de separação.

  – Bah, como queria eu, destruir os muros que constroem muros nas nossas comunidades.

Comentários

  1. O foco narrativo do conto de Karoline Paula Coletti Gomes é em primeira pessoa. A personagem narradora observa o encontro entre um casal de pombos e o muro onde ocorre. A narradora parece habitar mais o encontro dos pombos do que o muro que " protege" as propriedades. Portanto, ao falar sobre o casal de pombos e o muro, revela suas percepções e valores que tendem a derrubar muros metafóricos.
    O desfecho transcende a revelação de valores apresentando um projeto de ação inclusiva:
    "– Bah, como queria eu, destruir os muros que constroem muros nas nossas comunidades. "

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