Raul Seixas e a "Sociedade Alternativa"

Em 2023, passado meio século do início do movimento Sociedade alternativa, pensar uma vida social diferente da que é posta no ideário dos brasileiros que aderiram à extrema direita (machista, racista, militarista e, por que não dizer, fascista) é um tema atual que justifica a pesquisa informal aqui registrada.

Foi a partir de agosto de 1973 que Raul Seixas se dedicou aos estudos que fundamentaram a idealização da sociedade alternativa. Passou a distribuir, em seus shows, um manifesto chamado “A Fundação de Krig-ha”.

Segundo Boscato, Raul Seixas contesta a "sociedade oficial, dentro dos movimentos de rebelião juvenil que ficaram conhecidos pelo nome de contracultura.”

Segundo Gonçalo Júnior, "Esse pensamento construiu, através da música, da literatura e de diversas iniciativas de contestação política e social, uma oposição à cultura estabelecida, então vista como eminentemente machista, racista e defensora do militarismo e dos privilégios de classe. O roqueiro baiano, no meio desse caldeirão, começou a pensar numa sociedade alternativa cuja base política era o anarquismo. Nota-se nele, de acordo com o pesquisador [Boscato], uma profunda inspiração nos textos de Proudhon, como na música Carimbador maluco." 

             Cinco, quatro, três, dois...

Parem, esperem aí. 

Onde é que vocês pensam que vão?

Han han

 

Pluct, Plact, Zummm

Não vai a lugar nenhum

Pluct, Plact, Zummm

Não vai a lugar nenhum

 

Tem que ser selado, registrado, carimbado

Avaliado e rotulado se quiser voar!!

Se quiser voar

Pra lua, a taxa é alta

Pro sol, identidade,

Mas já pro seu foguete viajar pelo universo

É preciso o meu carimbo dando, sim sim sim sim

 

Pluct, Plact, Zummm

Não vai a lugar nenhum

Pluct, Plact, Zummm

Não vai a lugar nenhum

 

Tem que ser selado, registrado, carimbado

Avaliado e rotulado se quiser voar!!

Se quiser voar

Pra lua, a taxa é alta

Pro sol, identidade,

Mas já pro seu foguete viajar pelo universo

É preciso o meu carimbo dando, sim sim sim sim

 

Pluct, Plact, Zummm

Não vai a lugar nenhum

Pluct, Plact, Zummm

Não vai a lugar nenhum

 

Mas ora, vejam só, já estou gostando de vocês

Aventura como esta eu nunca experimentei

O que eu queria mesmo era ir com vocês

Mas já que eu não posso, boa viagem!

E até outra vez!

 

O Plunct, Plact, Zummm

Pode partir sem problema algum

O Plunct, Plact, Zummm

Pode partir sem problema algum

 

Boa viagem

 

O Plunct, Plact, Zummm

Pode partir sem problema algum

O Plunct, Plact, Zummm

Pode partir sem problema algum

 

Boa viagem meninos

Boa viagem

Proudhon (coetâneo porém opositor de Marx e Engels) como anarquista, negava a necessidade do Estado. Raul Seixas, com Carimbador Maluco mostra o controle que o Estado exerce sobre as pessoas por meio da burocracia. "Plunct, Plact, Zummm" é uma onomatopeia criada para compor a caricatura do ato de carimbar. 

 

Dados biográficos do cantor, compositor, executivo de gravadoras, performance e escritor Raul Seixas

 

1945 - (28 de junho) Raul Santos Seixas, primeiro filho de Maria Eugênia Pereira dos Santos e Raul Varella Seixas, nasceu na Av. 7 de setembro, número 108, em Salvador. 

1954 - Raul ganhou seu primeiro violão e pouco a pouco aprendeu a tocar algumas músicas, acabando por se apaixonar pela novidade. Com a família foi morar próximo ao Consulado Americano e Raul conheceu alguns garotos que lhe emprestaram discos que foram os primeiros contatos com o Rock and Roll (Elvis Presley, Little Richard, Fats Domino, Chuck Berry). Nisso, a escola foi ficando de lado, já que preferia ficar na loja Cantinho da Música, curtindo rock and roll ou marcando ponto no Elvis Rock Club, fã clube de Elvis Presley, fundado por Raulzito e o amigo Waldir Serrão.

1962 - A necessidade de fazer rock levou Raul a fundar, ao lado dos irmãos Délcio e Thildo Gama, o grupo Os Relâmpagos do Rock. Chegaram a se apresentar na TV Itapoan, onde foram chamados de cantores de “música de cowboy”. 

1963 - Banda Raulzito e os Panteras: formada por Raul Seixas, Mariano Lanat (voz e baixo), Eládio Gilbraz (voz e guitarra) e Carleba (bateria) se torna um dos maiores nomes de rock em Salvador.

1964 - Os Relâmpagos do Rock, com nova formação, passam a se chamar The Panthers. Ano da profissionalização definitiva e da descoberta dos Beatles. 

The Panthers entra em estúdio para gravar aquela que viria a ser a primeira gravação oficial: duas músicas para serem lançadas em um compacto (Nanny/ Coração Partido) pela Astor, que acabaram ficando apenas no acetato, não sendo lançadas comercialmente. Somente em 1992, a música Nanny seria lançada, entre outras gravações raras, no álbum O Baú do Raul. 

O grupo passou então a se chamar Raulzito e Os Panteras.

Em nome do namoro com a americana Edith Wisner, Raul resolve parar tudo e retomar os estudos e, em pouco tempo, prestar o vestibular (para passar num dos primeiros lugares) para a faculdade de Direito.

1967 - Raulzito e os Panteras, convidados pelo cantor Jerry Adriani, foram para o Rio e assinaram um contrato com a EMI-Odeon para gravar um disco.

1968 - Grava para a Odeon o LP Raulzito e Os Panteras que foi ignorado tanto pela crítica quanto pelo público. Com o fracasso do disco, ficam algum tempo como banda de apoio de Jerry Adriani, até a dissolução do grupo e Raul volta para Salvador.

1970 – Na Bahia, conhece Evandro Ribeiro, diretor da CBS (Sony Music). Raul volta para o Rio para trabalhar como produtor de discos na CBS. Durante um ano, Raul criaria músicas e discos de sucesso para Jerry Adriani, Trio Ternura, Renato e Seus Blue Caps, Tony e Frankie, Diana e Sérgio Sampaio (primeiro artista descoberto por Raul).

Três de suas músicas autorais se tornam hits: Doce doce amor, na voz de Jerry Adriani, Ainda Queima a Esperança, interpretada por Diana e Se ainda existe amor, gravada por Balthazar.

Raul junta-se a Leno no projeto do primeiro disco solo do cantor, Vida e Obra de Johnny McCartney, um trabalho experimental, com letras de cunho político discutindo reforma agrária, repressão e tortura. O álbum foi o primeiro lançamento brasileiro gravado em oito canais, mas foi censurado pela ditadura e só lançado 25 anos depois.

1971 (em julho) - aproveitando a viagem do presidente da CBS, lança o LP Sociedade da Grã-Ordem Kavernista– apresenta – Sessão das 10, com participações do próprio Raul, com Sérgio Sampaio, Miriam Batucada, Edy Star. Isso lhe valeu a expulsão da CBS (onde aprendera a fazer música comercial e intuitiva). O disco então sumiu, “misteriosamente”, do mercado. 

1972 (Em setembro) - no VII Festival Internacional da Canção, incentivado pelo amigo Sérgio Sampaio, classificou as canções Eu sou eu, Nicuri é o Diabo, defendida por Lena Rios e Os Lobos, e Let me Sing, mistura de rock com baião, interpretada pelo próprio Raul, travestido de Elvis. Esta garantiu a continuidade de sua carreira como cantor e compositor da Philips.

         - Conhece o escritor Paulo Coelho.

1973 - Como produtor e cantor, anônimo, sem crédito na capa lança o disco antológico de clássicos de rock and roll e da Jovem Guarda: Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock (selo Polyfar, 1973). 

O “buuum” veio com a explosão do compacto Ouro de Tolo, (curiosidade: teve que ser prensado duas vezes numa semana!). Ouro de Tolo tem letra autobiográfica e dá uma bofetada na face da classe média do país (que trocava a verdadeira realização pelo acesso às bugigangas comuns de consumo), naqueles tempos de Milagre Brasileiro

1973
Em Dentadura Postiça,, Raul Seixas faz referência ao "Expresso 2222" de Gilberto Gil. Esse protesto quase explícito  faz referência ao LP gravado em abril de 1972 no estúdio Eldorado, na cidade de São Paulo (SP), em sessões em que os engenheiros de som Christopher Barton e Marcos Vinícius pilotaram a então moderníssima mesa de 16 canais.

Dentadura Postiça

Sol outra vez 
(Vai sair) 
Um filho pra luz
(Vai sair) Da cara o terror
(Vai sair) O expresso 2222
(Vai sair) A máscara azul
(Vai sair) O verde do mar
(Vai sair) Um novo gibi
(Vai sair) Da cara o suor
Cachorro urubu
(Vai subir) O elevador
(Vai subir) O preço do horror
(Vai subir) O nível mental
(Vai subir) O disco voador
(Vai subir) A torre babel
(Vai subir) O Cristo pro céu
(Vai subir) A chama do mal
Estrela do céu
(Vai cair) A noite no mar
(Vai cair) O nível do gás
(Vai cair) A cinza no chão
(Vai cair) Juízo final
(Vai cair) Os dentes de Jó
(Vai cair) O preço do caos
(Vai cair) Peteca no chão
O sol outra vez
(Vai sair) Um filho pra luz
(Vai sair) Da cara o terror
(Vai sair) O expresso 22
(Vai sair) A máscara azul
(Vai sair) O verde do mar
(Vai sair) Um novo gibi
(Vai sair) Da cara o suor
Cachorro urubu
(Vai subir) O elevador
(Vai subir) O preço do horror
(Vai subir) O nível mental
(Vai subir) O disco voador

1973 - É contratado pela Philips, lança o primeiro álbum solo: a ópera KRIG-HA, BANDOLO! Considerado pela crítica como um dos seus melhores trabalhos. O título refere-se ao grito de guerra de Tarzan, que quer dizer: “cuidado, aí vem o inimigo”. O LP KRIG-HA, BANDO-LO! foi feito todo de uma vez, mas a música Ouro de Tolo foi lançada antes, por causa de uma jogada comercial da Philips que retirou a parte que achava mais interessante.

1973 (agosto) - Raul Seixas e Paulo Coelho lançam o movimento Sociedade Alternativa e dedicam-se com afinco aos estudos esotéricos, mergulhando fundo na obra do mago inglês Aleister Crowley. Raul anunciava que era hora de mudar o mundo e distribuía nos shows um gibi/manifesto chamado “A Fundação de Krig-ha”, ilustrado por Adalgisa Rios (esposa de Paulo, na época). A Sociedade Alternativa, com sede alugada, papel timbrado e relatórios mensais, chegou a anunciar a aquisição de um terreno em Minas Gerais, para a construção da Cidade das Estrelas, uma comunidade onde a lei única era “Faze o que tu queres, há de ser tudo da lei.” A ideia da Sociedade Alternativa não agradou a muitos e Raul foi preso e torturado pelo DOPS, tendo que deixar o país.

Raul, Paulo, Edith e Adalgisa decidiram partir para os Estados Unidos, onde fizeram contato com algumas personalidades. Enquanto isso aqui no Brasil, a música Gita tocava de norte a sul do país. E foi graças a esse sucesso que Raul e Cia. voltaram para o Brasil. O sucesso de Gita deu a Raul Seixas o primeiro Disco de Ouro, com mais de 600 mil cópias vendidas.

1975 - Lança o disco: Novo Aeon (1975, Philips) que vendeu apenas 60 mil.

         - Reedição alterada de Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock com o nome de Raul na capa e um novo título, 20 Anos de Rock.

1976 - Lança o álbum Há 10 Mil Anos Atrás, maquiado na capa como um “sábio ancião”. Chegou então ao fim a parceria com Paulo Coelho, embora continuassem íntimos. 

Decidiu sair da Philips para outra gravadora, a recém-fundada WEA. Marcou esse período o rosto sem barba nem bigode (suas “marcas registradas”) e a relação com um novo parceiro (e antigo vizinho dos tempos do Rio), Cláudio Roberto, professor de ginástica, poeta e cantor.

1977 - Junto com Cláudio Roberto realiza o LP O Dia em que a Terra Parou. A crítica considerou que não mantinha o mesmo nível dos trabalhos anteriores. Mas os fãs se deliciaram com Maluco Beleza, Sapato 36 e O Dia em que a Terra Parou. Raul chegou a fazer alguns shows, mas sem muito sucesso, devido às críticas ao LP.

1978 - Com a companheira Tânia Menna Barreto dividiu parceria em seu novo álbum: Mata Virgem (1978, WEA). O disco trazia de volta Paulo Coelho, mas a má divulgação e a crítica não ajudaram no sucesso do álbum.

1979 - Faz seu último álbum para a WEA, Por Quem os Sinos Dobram, em parceria com o amigo Oscar Rasmussen. Raul saiu da gravadora levando sua secretária de imprensa, a carioca Ângela Costa, hoje mais conhecida como Kika Seixas. Raul assinou um novo contrato com a CBS.

1980 – Lança o álbum Abre-te, Sésamo pela CBS. O disco vende bem menos do que merecia.

1981 - Raul rescinde o contrato com a CBS por pedirem que dedicasse o próximo disco a Lady Diana que era o assunto do momento. Nessa época, Sylvio Passos, com 18 anos, comunicou a Raul Seixas que havia fundado o Raul Rock Club. Ele ficou surpreso, e passou a participar ativamente do que denominaria de Raul Seixas Oficial Fã-Clube.

São Paulo o recebeu de braços abertos. Iniciou, então, uma série de shows pela capital e interior do estado paulista. Chegou a fazer uma temporada no Teatro Pixinguinha com sucesso absoluto. 

1982 - Sem gravadora, mas com um público enorme e fiel, apresenta-se para mais de 150 mil pessoas em 13 de fevereiro de 1982 no Festival Música na Praia, em Santos, São Paulo.

1983 - Em São Paulo, em abril, o músico lança o álbum Raul Seixas. O disco traz uma faixa gravada durante um show realizado no Sociedade Esportiva Palmeiras, onde Raul Seixas contou, através das músicas, a história do rock and roll para mais de 10 mil pessoas.

1983 - Lança o livro As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor, dividido em três partes: a primeira, um diário escrito entre os sete e os quatorze anos, no qual nota-se um grande conhecimento de rock and roll; na segunda parte, uma série de contos feitos entre os doze e os vinte e um anos; e, finalmente, na terceira, uma história em quadrinhos, chamada A Lei dos Assassinos da Montanha (humor negro). Com o sucesso do disco, do livro e da turnê pelo Brasil, Raul e Kika realizaram uma viagem aos Estados Unidos para ver as novidades musicais e voltaram inspirados. Raul então assinou novo contrato, dessa vez com a Som Livre.

1984 - Em junho, lança o álbum Metrô Linha 743

Sobre a letra da música Cuidado, povo, senão o metrô vem e te pega leia o excelente texto de Cassiano Silveira, disponível em:

https://pandoficina.blogspot.com/2021/04/cuidado-povo-senao-o-metro-vem-e-te.html

1985 Gilberto Gil faz uma série de cinco shows comemorativos dos 20 anos de sua carreira sob a direção do genial Waly Salomão. 
Raul Seixas participa da última das apresentações,

"Esse tal de Roque" que foi uma homenagem de Gilberto Gil ao rock brasileiro. Esse show  teve ainda  participação de Rita Lee, Erasmo Carlos, Paralamas do Sucesso, Titãs, Cazuza, Sérgio Dias (dos Mutantes).

1985 - Em São Paulo, o Raul Rock Club (o Fã-Clube Oficial) lança o álbum Let me Sing my Rock and Roll, o primeiro disco produzido e distribuído independentemente por um fã-clube brasileiro, disputado hoje a peso de ouro por fãs e colecionadores. 

1986 - Assina contrato para dois álbuns com a Copacabana. Porém, os problemas com a saúde atrapalharam as sessões de gravação no estúdio e o LP, que todos esperavam para aquele, acabou sendo lançado só no início do ano seguinte.

1987 - Lançamento de novo disco que traz como título o grito de guerra de rock and roll: Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! O disco traz grande sucesso a Raul Seixas que é destaque na mídia. Sua música é ouvida e cantada pelo povo, mas continua longe dos palcos e da TV devido à saúde precária. A música Cowboy Fora-da-Lei estoura nas paradas de sucesso e ganha um videoclipe no Fantástico - programa dominical da Rede Globo - e compõe a trilha sonora da novela das sete na mesma emissora. A letra da música destaca o rechaço às atitudes inconsequentes: “Mamãe, não quero ser prefeito/ pode ser que eu seja eleito/ e alguém pode querer me assassinar.” 

Não Quero Mais Andar na Contramão exalta a paz e o sossego, no aconchego do lar. Marcelo Nova, convida-o para viajar para Salvador, para se apresentar com ele. Raul, após afastamento dos palcos por três anos, aceita o convite. 

Em Salvador, Marcelo Nova e Raul Seixa iniciam juntos uma série de 50 shows realizados em várias cidades brasileiras e que resulta no disco A Panela do Diabo.

Raul Seixas participa da gravação do álbum que o Camisa de Vênus prepara para lançar, dividindo vocais e parceria com Marcelo Nova - então vocalista e letrista do grupo baiano - na música Muita Estrela, Pouca Constelação, referindo-se ao cenário pop brasileiro de maneira desdenhosa.

1988 - Lança, em setembro, o álbum A Pedra do Gênesis, cujo tema é a Sociedade Alternativa. 

1989 – Lançamento do disco A Panela do Diabo, em 19 de agosto.

         –  Segunda-feira, 21 de agosto de 1989, em São Paulo, falecimento de Raul Seixas, de parada cardíaca, causada pela pancreatite de que sofria há dez anos. O corpo foi levado para o Palácio das Convenções do Anhembi, Zona Norte de São Paulo, onde foi velado até o dia seguinte. Às oito horas da manhã do dia 22, o corpo seguiu para Salvador, onde foi sepultado às 17 horas no Cemitério Jardim da Saudade. 

Após seu falecimento - O número de pessoas interessadas em sua vida e obra vem aumentando consideravelmente.  Pessoas de todas as faixas etárias e classes sociais se organizam nos inúmeros fãs clubes criados para homenageá-lo. Casas culturais, praças, ruas, viadutos e parques recebem seu nome - a exemplo dum parque público de 33.000 m² em São Paulo, Itaquera, Zona Leste da cidade. 

Revistas, pôsteres e cerca de 20 livros enfocam a vida e obra de Raul Seixas. Todos os títulos de sua imensa discografia já foram reeditados em CD, e novos títulos são lançados constantemente. Programas de rádio e TV, romarias ao Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador, passeatas, carreatas e inúmeros eventos acontecem anualmente em todo o Brasil nas datas de nascimento - 28 de junho - e falecimento - 21 de agosto.

 

ANEXO I  

Gêneros: Rock and roll; Rockabilly; Baião; Country Rock psicodélico; Folk Folk rock MPB Acid Rock  

Gravadoras: Odeon; CBS Discos; Philips/Phonogram; Warner Music; Eldorado; Som Livre; Copacabana 

Artistas relacionados: Paulo Coelho; Marcelo Nova; Edy Star; Míriam Batucada; Jerry Adriani; Sérgio Sampaio.

Influências: Luiz Gonzaga; Elvis Presley; Little Richard; Chuck Berry; The Beatles; John Lennon; Roberto Carlos; Frank Zappa;  Led Zeppelin; Bob Dylan; Jerry Lee Lewis. 

Contato Raul Seixas (R.S.S.) salomaodesert@gmail.com© 2013

Leia mais:  https://raul-seixas-r-s-s.webnode.page/sobre-nos/

 

ANEXO II - Parceiros de Raul Seixas

1- Paulo Coelho

Raul Seixas e Paulo Coelho haviam se conhecido porque o primeiro se interessou por um artigo sobre extraterrestres escrito pelo segundo, sob pseudônimo, e publicado pela revista A Pomba. Paulo inicialmente estranhou a abordagem de Raul, uma vez que o cantor ainda era um executivo da CBS. Entretanto, os dois firmaram uma amizade, ainda que Coelho fosse resistente à ideia de se tornar letrista. Para dissuadi-lo, Seixas creditou Paulo como coautor da canção Caroço de Manga e o dinheiro proveniente disso cooptou Paulo Coelho. Num artigo de 2009 à Rolling Stone Brasil, Paulo Coelho falou sobre a relação com Raul:

“A nossa relação sempre foi muito complicada desde o começo. Quando começamos a trabalhar juntos, nos víamos todo dia. Ou ele vinha para minha casa ou eu ia para a casa dele. Era uma relação muito intensa, e uma competição acirrada. Raul sempre achava que eu queria mostrar que era melhor que ele, e vice-versa. Eu era o intelectual que sonhava morrer incompreendido, e Raul tinha esse poder de comunicação muito grande – muito grande. Pouco a pouco, nós começamos a desenvolver toda a ideologia da Sociedade Alternativa, unindo o ideário hippie.” ‘Você acha que isso é bonito?’ Ele: ‘É ótimo’. Falei: ‘Então tá’. Fui para casa e escrevi a letra de ‘Al Capone’. Ele nunca dizia que a letra estava uma droga. Dizia: ‘Não é assim, sabe?’ Letra de música não é poesia. Letra de música é letra de música. É preciso libertar-se um pouco dessa ideia.”

Ao todo, Paulo Coelho foi creditado pela coautoria de cinco das 12 músicas do que se tornou “Krig-ha, Bandolo!”. O resto foi composto inteiramente por Seixas, que também assinou a produção, junto com Marco Mazzola.

O nome do disco é uma referência ao grito de guerra de Tarzan nos quadrinhos – editados no Brasil pela EBAL –, que significa basicamente “Cuidado, tem bandido aí”. A mensagem anti autoridade do álbum é reforçada em seu carro chefe, o single “Ouro de Tolo”, cuja inspiração foi descrita por Raul numa entrevista à revista Amiga em 1973:

“Precisamente a 7 de janeiro deste ano [1973], às 16 horas, quando houve um eclipse parcial, estava eu na Barra da Tijuca, perto do Recreio dos Bandeirantes, e avistei um disco cujos lados havia [sic] uma auréola cor de fogo em propulsão. Quando surgiu e consegui visualizá-lo, uma coisa estranha me tocou e só então percebi que era um predestinado e as coisas começaram a clarear para mim, sedimentando-me este conceito. Simbolicamente, pareceu-me viajar no tal disco-voador e consegui ver a Terra com toda sua problemática. Ao retornar da viagem espacial, não sei explicar o personagem que encarnei por alguns minutos, mas pareceu-me um jacobino, dentro daquela Revolução Francesa. Refeito, voltei à casa e passei a interessar-me pelo cósmico. Dois meses depois, acordei bem cedo, com vontade de escrever. Era uma espécie de ânsia. Telefonei a um amigo e ele me aconselhou a voltar ao local do disco-voador. Voltei e, lá chegando, tive um sentido amplo do que era a terra, o fogo, a água, e o ar, esses quatro elementos que compõem um todo a ser vivido por mim, mas por etapas.”

Krig-ha, Bandolo foi lançado dia 21 de julho de 1973, se tornando um grande sucesso graças a Ouro de Tolo e uma canção que veio a se tornar um dos maiores hits da carreira de Raul, Metamorfose Ambulante.

Em 2007, a Rolling Stone Brasil elegeu Krig-ha, Bandolo o 12º melhor álbum da história da música brasileira. É o disco mais bem colocado de Raul na lista. Cinco anos depois, no ano de 2012, uma votação popular conduzida pela rádio Eldorado, o portal Estadao.com.br e o Caderno C2+Música elegeu o álbum o quinto melhor da história da música nacional.

 

Faixas:

Introdução

Good Rockin Tonight

Mosca na Sopa

Metamorfose Ambulante

 Dentadura Postiça

 As Minas do Rei Salomão

A Hora do Trem Passar

Al Capone

How Could I KnowRockixe

Cachorro Urubu

Ouro de Tolo

Meu Nome É Raul Santos Seixas (Vinheta)

 

Músicos:

Raul Seixas (voz, guitarra) Jay Anthony Vaquer (guitarra) Paulo César Barros (baixo) Alex Malheiros (baixo) Pedrinho Batera (bateria) Bill French (bateria) mamão (bateria) Luiz Paulo Simas (teclados) Miguel Cidras (teclados) Miguel Cidras (piano) José Roberto Bertrami (piano) José Menezes (banjo) Paulinho Braga (berimbau) Marco Mazzola (pandeiro)

2- Cláudio Roberto Andrade de Azeredo, creditado apenas como Cláudio Roberto, foi dos maiores amigos e principais parceiros de composição de Raul Seixas: Cláudio foi o único com quem o cantor baiano realizou um álbum inteiro. Nascimento: 28 de maio de 1952, Vassouras, Rio de Janeiro Falecimento: 29 de outubro de 2022 Álbuns: Sucessos Românticos Morte: 29 de outubro de 2022 (70 anos).

Ao lado de Cláudio Roberto, Raul Seixas fez algumas de suas músicas mais famosas, como "Maluco beleza", "Aluga-se", "Rock das aranhas” e "Cowboy fora da lei". Eles eram amigos desde a juventude e se conheceram em 1963, quando Raul tinha 18 anos e Cláudio Roberto tinha 11. A primeira canção composta pela dupla foi "I don't really need you anymore", de 1968.

A  partir de então, foram mais de 30 canções feitas a quatro mãos por Raul e por Cláudio Roberto. Foi com ele que Raul fez seu primeiro álbum dividido com um único parceiro: O dia em que a Terra parou, em 1977. 


 ANEXO III - MÚSICAS DO LADO B:  Raul Seixas por Cassiano Silveira 

 

-Você   https://www.youtube.com/watch?v=3HQwXDkYEnM

 

 

-Metrô linha 743  https://www.youtube.com/watch?v=PRZa3c6y07M

 

-Eu sou egoísta  https://www.youtube.com/watch?v=w4o_NqD0HgM

 

-Areia da ampulheta  https://www.youtube.com/watch?v=04guHwtT5oU

 

-Novo aeon  https://www.youtube.com/watch?v=EGBL2ZndsaE

 

-A lei  https://www.youtube.com/watch?v=vAh8nnZZZlA

 

 

-Ângela  https://www.youtube.com/watch?v=c1tCjVYnmb

 

-Rockixe  https://www.youtube.com/watch?v=LuAcaXWMos8

 

 

-Let me sing  https://www.youtube.com/watch?v=9QKv0X-PS-0

 

 

-Lua bonita  https://www.youtube.com/watch?v=-88WDeyw2ng

 

ANEXO IV   

1 -  Músicas geniais que compõem o legado musical de Raulzito:

 Metamorfose Ambulante (1973)  https://youtu.be/CmB4sfoZkwo

Integra seu primeiro disco solo, intitulado “Krig-Ha, Bandolo!”, uma referência ao grito de guerra do personagem Tarzan.

Ouro de Tolo (1973) https://www.youtube.com/watch?v=cn0S56WPkjQ

Crítica aos costumes da sociedade, faz menção aos “anos de chumbo” da ditadura militar que foram acompanhados por acumulação de riquezas no topo da pirâmide e de empobrecimento da classe trabalhadora e da população em geral devido à hiperinflação. 

Mosca na Sopa (1973)

Lançada no período do regime militar. Com metáforas criativas, a letra denuncia o clima de opressão. Na música, a mosca parece representar as forças do regime, que estavam em todo o lugar, ameaçando, rondando, perseguindo.

Sociedade Alternativa (1974)

Composta pela dupla Raul Seixas e Paulo Coelho fala sobre uma comunidade utópica em que todos vivem com liberdade, contrastando com a opressão imposta no período da ditadura. 

Medo da Chuva (1974)

Parceria com Paulo Coelho, reflete sobre uma época conservadora e um dos seus principais alicerces: o casamento.

Tente outra vez (1975)

É uma lição de resiliência escrita em colaboração com Marcelo Motta e Paulo Coelho, em homenagem ao amigo Geraldo Vandré.

Eu nasci há 10 mil anos atrás (1976)

Parceria com Paulo Coelho, a música é baseada em uma música country com o mesmo título, I Was Born About Ten Thousand Years Ago, gravada por Elvis Presley, em 1972.

Maluco Beleza (1977)  https://www.youtube.com/watch?v=01WCtTBNLfk

A letra simples carrega em seus versos uma mensagem revolucionária sobre onde em uma sociedade que vive de padrões e aparências, um sujeito diz ter rejeitado tal padrão. 

Gita https://www.youtube.com/watch?v=2Xc-Yll4xc0

Cowboy fora da lei https://www.youtube.com/watch?v=kyIPqgM8gGs

 

2 - Os trinta sucessos de Raul Seixas https://youtu.be/qEFNlN_wqJI

 

Referências

1- Parceiros

-  Filme sobre Paulo Coelho

 Não pare na pista a melhor história sobre Paulo Coelho 

https://youtube.com/watch?v=SmA_uWhCGyQ&feature=share8

 

- Site sobre o parceiro Cláudio Roberto

 https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/11/mortes-parceiro-de-raul-seixas-foi-o-verdadeiro-maluco-beleza.shtml

2- A relevância de Raul Seixas para o Brasil

https://agemt.pucsp.br/noticias/importancia-e-relevancia-de-raul-seixas-para-o-brasil

 

3- Filme: Raul Seixas - O Início, o Fim e o Meio - Completo e Dublado

https://youtube.com/watch?v=4M8-4J1rzaE&feature=Shrek


4- Site Raul Seixas (R.S.S.) Eternamente Raulseixista. Sobre nós Raul Santos Seixas 

https://raul-seixas-r-s-s.webnode.page/sobre-nos

5- O álbum Krig-ha Bandolo

 “Krig-ha Bandolo”, quando o Brasil conheceu Raul Seixas (igormiranda.com.br)

 

6- E-book gratuito 500 páginas

https://whiplash.net/materias/news_800/228132-raulseixas.html

7- Gonçalo Júnior. A utopia do Maluco. Revista Fapesp, edição 143, janeiro de 2008. 

https://revistapesquisa.fapesp.br/a-utopia-do-maluco-beleza/#:~:text=Tr%C3%AAs%20d%C3%A9cadas%20depois%2C%20a%20tese%20de%20doutorado%20em,por%20tr%C3%A1s%20dessa%20aparentemente%20despretensiosa%20e%20delirante%20proposta.

 

 

Comentários

  1. Leia o texto de Cassiano Silveira em https://pandoficina.blogspot.com/2021/04/cuidado-povo-senao-o-metro-vem-e-te.html

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  2. Em artigo de Gonçalo, pode-se ler essa afirmação de Boscato: “ a ênfase no valor da individualidade, profundamente relacionada com o anarcoindividualismo de Max Stirner, foi uma reivindicação básica da sociedade alternativa.”
    https://revistapesquisa.fapesp.br/a-utopia-do-maluco-beleza/#:~:text=Tr%C3%AAs%20d%C3%A9cadas%20depois%2C%20a%20tese%20de%20doutorado%20em,por%20tr%C3%A1s%20dessa%20aparentemente%20despretensiosa%20e%20delirante%20proposta

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