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Do corpo ao Corpus: poética de uma coletânea em prosa

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  Cassiano Silveira  Poética de uma coletânea em prosa Edna Domenica Merola Desde que reconheço a teoria do psicodrama como um instrumento de leitura de mundo, percebo que exerço diferentes papéis que possuem um nascedouro, se desenvolvem e se aprimoram. Valem para essa escrita o foco nos papéis de escritora e leitora. Como escritora, minha relação com a coletânea  Do corpo ao corpus  teve por nascedouro a idealização de um projeto de escrita que remontasse às cicatrizes daqueles que escrevem. A metáfora eleita era a da tatuagem: aquela marca que nos permitimos exibir. Vale também dizer, por extensão, que o estado criativo é somático, ou seja, é corpo e mente a um tempo. “Saber-me frágil e vulnerável como o papel que encontrei ao tentar limpar a mesa para esta escrita... Mas a emoção correspondente não vem como choro, nem queixume. Doe-me o lado esquerdo do alto superior das costas próximo à base do pescoço.”   (MEROLA, p. 83)  Como leitora, tenho ela...

Sobre a coletânea Tudo poderia ser diferente - inclusive o título.

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  Ilustração Cassiano Silveira A live do lançamento  "Tudo poderia ser diferente - inclusive o título" Hora: sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022 19:00:00 Horário Padrão de Brasília   Apresentação por Mário Motta Quando recebi o convite para apresentar essa coletânea, juro que titubeei. Depois percebi que – vacilei – identificaria melhor minha reação. Por fim – aceitei, foi o verbo que abraçou a ação. Quem sou e porque eu? Pensei. Já conhecia a maior parte dos autores com quem passei uma tarde deliciosa conversando sobre comunicação e aprendendo um pouco mais sobre a capacidade humana de se expressar, de se relacionar com o próximo e respeitá-lo, numa Oficina que os reunia e que por fim, motivou essa coletânea. Fiquei maravilhado com a diversidade de seres tão semelhantes, reunidos por um único sentimento – o amor às palavras e o que elas conseguem expressar. Senti-me honrado, mas confesso meu vacilo foi imaginar como apresentá-los se a qualidade de seus textos o fará por ...

Macabéa e eu. Esni Soares.

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Escrever algo a respeito de Macabéa (de Clarice Lispector em A Hora da Estrela)  uma personagem tão emblemática, sobre a qual tantos estudiosos já se debruçaram, é um desafio e tanto. Esta personagem por muitos estudada cruzou as páginas dos livros, chegou às telas do cinema, com a adaptação de Suzana Amaral e roteiro de Alfredo Oroz (1985), e marcou a vida de inúmeros leitores, em tempos passados e presentes. E certamente marcará no futuro. Mas por que uma obra escrita em 1977 ainda chama a atenção de muitos leitores? Por que Macabéa ainda fascina e intriga tanto as pessoas? Não sou escritora, nem uma estudiosa de literatura, então vou me ater à minha experiência como alguém que ficou impressionada com a personagem desde a primeira leitura. Macabéa representa tantas mulheres pobres, sem estudo, sem amor, sem perspectivas de mudar sua situação na sociedade. Senti desde o começo da leitura que essa personagem me representava.  Também fui uma menina de família pobre, que s...